segunda-feira, 24 de maio de 2021

O chamado combate inteligente dos samurais

 

Samurais reunidos com ambas as espadas (longa e curta)

 O chamado combate inteligente aquele em que os samurais induziam a maneira do seus oponentes pensar, para adotarem outras estratégias, hoje também pode ser aplicado nos esportes de artes marciais. Como quando você atrai o oponente para perto de si, fazendo com que ele se aproxime com sede de lhe golpear e você aproveita para atacá-lo. 

 Essa inclusive era a estratégia que os samurais utilizavam quando se tratava de combates com a espada curta. Porque em determinados ambientes, onde havia pouco espaço e vez ou outra eles tinham que enfrentar mais de um oponente, eles não tinham como combater com uma espada longa.

Então era necessário adaptar a estratégia de combate e utilizar outro recurso que somado a habilidade com a espada, lhes desse alguma vantagem. É por isso que eles atraiam o oponente para perto de si, porque uma vez que o oponente se aproximasse eles podiam atacar enquanto observavam os demais adversários.

Diferente de como seria se eles fossem em direção a um dos adversários, num local pequeno. Nessas condições eles estariam lutando usando mais o espírito movido pela vontade de vencer e estariam deixando de lado a inteligência. Em alguns casos eles até lutavam assim, especialmente quando passavam por algum conflito interno que pudesse lhes fazer agir de forma impetuosa para preservar sua própria honra. Mas como geralmente eles combatiam para proteger a vida de terceiros, eles precisam lutar com inteligência.

Assim como isso pôde acontecer com os mais antigos guerreiros, pode acontecer com os guerreiros modernos. Mas vale considerar que o melhor caminho é o caminho do meio, que emprega a razão e o equilíbrio na tomada de decisões e isso depende de uma preparação física e mental prévia, porque no momento do combate as ações tendem a ser mais reflexos motores. 

 


quarta-feira, 12 de maio de 2021

Duas maneiras de pensar



 Em meus estudos sobre o Hagakure, estive lendo uma reflexão do samurai Yamamoto Tsunetomo onde ele fala que existem duas maneiras comuns dos guerreiros pensarem. Uma ele diz que é a inteligencia rápida e outra ele fala que se trata da lenta reflexão.

 Eu concordo que existam situações específicas em que usamos uma maneria de pensar em específico, mas cada um de nós tem uma dessas características mais dominante. Principalmente quando se trata do contexto de artes marciais.

Em situações onde uma ameaça surge inesperadamente, podemos agir de modo instintivo, aplicando uma técnica que neutralize a possibilidade de ataque do nosso adversário. Evitando assim que as ações dele possam de algum modo provocar algum dano fisico sobre nós. E até mesmo já tendo o adversário sob nosso controle, podemos analisar a situação com calma e pensarmos em como podemos acalma-lo e até que ele possa ser devidamente conduzido por profissionais.

Em situações de combate, como numa competição, onde a ameaça é declarada e ambos os lutadores estão dispostos a se enfrentar para que seja eleito um lutador de habildiade superior, existem momentos em que precisamos agir rapidamente, usando os reflexos que o treinamento condicionou nosso corpo, como nossas defesas e nossas esquivas. Assim como existem outros momentos em que estamos numa disputa de controle contra nosso oponente e que precisamos repensar nossa tatica, para encontrar angulos onde usemos menos força e mais técnica.


Embora cada situação exiga da gente uma maneira específica de pensar e de agir, eu penso que fazendo como os samurais, treinando nosso corpo através das artes marciais e nossa mente através da meditação, conseguimos conservar nosso estado emocional em serenidade. E assim a gente tem uma visão clara de cada situação para que possamos tomar uma boa decisão, agindo de forma assertiva, prudente e equilibrada.




quinta-feira, 6 de maio de 2021

Como funcionavam as propriedades na época dos Samurais

 

Gravura que demonstra a sangrenta guerra civil em que o Japão mergulhou durante o período Sengoku

 O han ou domínio é o termo histórico japonês para a propriedade de um guerreiro após o século XII ou de um daimiô no período Edo e início do período Meiji. No período Sengoku, Hideyoshi Toyotomi causou uma transformação no sistema han. O sistema feudal baseado na terra tornou-se uma abstração baseada em pesquisas cadastrais e rendimentos agrícolas projetados.

Período Sengoku


No Japão, um domínio feudal era definido em termos de renda anual projetada. Ele era diferente do feudalismo do Ocidente. Por exemplo, os primeiros japanologistas como George Appert e Edmund Papinot fizeram questão de destacar os rendimentos koku anuais que eram alocados para o clã Shimazu no Domínio Satsuma desde o século XII.

Em 1690, o han mais rico era o domínio de Kaga, com mais de 1 milhão de kokus.Ele situava-se nas províncias de Kaga, Etchū e Noto.

 

Período Edo

No período Edo, os domínios dos daimiôs eram definidos em termos de kokudaka, não em área territorial.[5] As subdivisões provinciais imperiais e as subdivisões dos domínios xogunais eram sistemas complementares. Por exemplo, quando o xogum ordenava aos daimiôs fazerem um censo de seu povo ou fazer mapas, o trabalho era organizado nas bordas do kuni provincial.

Principe Matsuhito


Período Meiji

No período Meiji de 1869 a 1871, o título de daimiô no sistema han era han-chiji ou chihanji. Em 1871, quase todos os domínios foram dissolvidos, com as províncias do Japão substituindo o sistema han. Na mesma época, o governo Meiji criou o Domínio Ryukyu que existiu de 1872 a 1879.

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Minamoto no Yoritomo o primeiro shogum

 


 

Minamoto no Yoritomo nasceu em 9 de maio de 1147—9 e viveu até fevereiro de 1199. Ele foi o fundador e o primeiro imperador xogum do Período Kamakura ou Xogunato Kamakura do Japão, governando no período de 1192 até 1199.

Segundo fontes históricas Yoritomo nasceu em Atsuta-ku, Nagoya, província de Owari. Membro do clã Minamoto, Yoritomo foi banido em sua juventude como consequência das revoltas do seu pai contra a reinante clã Taira. No exílio Yoritomo encontrou apoio para sua causa em Hōjō Tokimasa e em 1185 derrotou os Taira. 

Minamoto no Yoritomo's vai para Kyoto no início do Shogunato Kamakura


Em 1192, o imperador concedeu a Minamoto o título de xogum, o que o converteu na suprema autoridade de todas as forças militares do país. Yoritomo introduziu os seus próprios governantes (Shugo) e representantes (Jitō) em todo o Japão, como consequência disto foi criada uma infraestrutura governamental para competir com a corte imperial, superando-a progressivamente.

Yoritomo foi, assim, capaz de governar sem realmente derrubar o imperador e desenvolveu um padrão a seguir pelos futuros xogunatos.


Ao governo comandado por um xogum, ou a ditadura militar exercida por um xogum, denominado em português como Xogunato, em japonês como Bakufu que literalmente traduzido significa "governo coberto" ou "tenda do governo" que originalmente representava a casa do xogum.

 

Brasão de Período Kamakura

 

 Xogunato Kamakura, ou Kamakura Bakufu, em japonês aconteceu entre 1192 e 1333 e foi o primeiro regime militar feudal japonês, durante o período de 1185 (ou em 1192, quando foi formalmente reconhecido) a 1333, após a Batalha de Dan no Ura dirigida pelo comandante do exército (xogum) Minamoto no Yoritomo (do clã Minamoto), conhecido como o xogunato Kamakura.

domingo, 2 de maio de 2021

Como funcionava a relação de senhorio entre os samurais e os daimios

O castelo de Osaca, construído em 1583-1598 pelo senhor feudal japonês Toyotomi Hideyoshi.


 O termo senhoria ou senhorio descreve a organização da economia e da sociedade rurais do Japão e da Europa Ocidental e Central num determinado período histórico, caracterizada pela atribuição de poderes legais e econômicos a um senhor, a partir do seu solar, que é mantido economicamente pelas suas terras e pelas contribuições obrigatórias de parcela do campesinato que lhe é legalmente sujeita (servidão) e sobre a qual tem jurisdição. Tais obrigações podiam ser pagas em trabalho (na França, segundo o sistema de corveia), em espécie ou, raramente, em dinheiro.
 

Isso serve pra gente entender como se dava a relação dos samurais com seus chefes. Tdavia, o José Mattoso observa que seria "demasiado grosseiro" reduzir o senhorialismo à sua dimensão econômica, destacando seu caráter político: "o senhor é não apenas o proprietário da terra e dos outros meios de produção, mas também o detentor da autoridade e do poder nos domínios militar, judicial, fiscal e, chamemos-lhe assim, legislativo". 

Portanto, o senhorialismo teria, além do econômico e tributário, concernente ao direito de cobrança de tributos e coimas, um componente de poder político, ligado à aplicação da justiça e às funções militares.

Historicamente, a senhoria aplicava-se a um feudo, o qual estava sujeito a um senhor feudal que, usualmente, devia a sua posição e suas terras a um senhor hierarquicamente superior (suserano), em troca de assumir certas obrigações perante o suserano.

Izanagi (direita) e Izanami (esquerda) criando o submundo. Pintura de Eitaku Kobayashi.  


Tal como o feudalismo que, juntamente com a senhoria, forma o quadro legal e organizacional do que se costuma denominar sociedade feudal, as estruturas senhoriais não eram uniformes em toda a Europa. Na Baixa Idade Média, ainda havia áreas livres de senhoria ou em que o fenômeno estava incompleto.

Daimiô é um termo genérico que se refere a um poderoso senhor de terras no Japão pré-moderno, que governava a maior parte do país a partir de suas imensas propriedades de terra hereditárias. No termo, "dai" (大) literalmente significa "grande" e "myō" vem de myōden que significa "terra particular".

Estes foram os mais poderosos senhores de terras do período que foi do século X a meados do século XIX na história do Japão, depois dos xogum.

Desde os shugo do período Muromachi, passando pelos sengoku, até os daimiôs do período Edo, o cargo teve uma história longa e variada.

O termo "daimiô" por vezes é usado para se referir às principais figuras dos clãs japoneses, também chamados de "Senhores". Costumeiramente, era a partir destes senhores de guerra que um Xogum ou um Shikken (regente) era escolhido.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Quando você se dedica ao treinamento



Quando você se dedica ao treinamento você evolui. Há quem diga que é perda de tempo, há quem admire e também há quem não se importe com o que você faz.
Não faz mal, porque quem está trilhando o caminho é você e somente você saberá qual o propósito disso.
É como eu falei no vídeo que postei ontem, quando você está envolvido num propósito tudo que faz parte da trajetória, sejam os sucessos e os fracassos, alimentam seu empenho em avançar.
Quando você não tem um propósito, tudo que surge em sua vida lhe distrai e você acaba, momentaneamente, sendo levado pelas circunstâncias. E vive como um ronin, um “homem onda” indo pra qualquer direção, mas sem chegar a lugar algum.


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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Assista, leia e veja quem foi Hattori Hanzo

Um retrato de Hattori Hanzo

Hattori Hanzo viveu entre 1541 a 1596 também é conhecido por Masanari ou Masashige, filho de Hattori Yasunaga, foi um famoso Ninja e chefe de um clã da região de Iga no Japão.

Hanzō serviu fielmente o xogun Tokugawa Ieyasu e é normalmente retratado como tal em obras de ficção e nos mangás. Hanzō nasceu vassalo Samurai do clã Matsudaira (que viria a se tornar o clã Tokugawa). 

Ele ficou conhecido mais tarde como Oni-Hanzō "Demônio Hanzō" graças a ferocidade que demonstrava em batalha. Este apelido o distinguia de outro samurai de Tokugawa, Watanabe Hanzō, também conhecido como Yari-Hanzō "Hanzō da Lança".


História, filmes e animes

  1. A história da relação de Hanzo com o primeiro xogun virou o mangá de sucesso Hanzo no Mon (O Caminho do Assassino), em 15 Volumes (1978-1984), de Goseki Kojima e Kazuo Koike, ainda inédito no Brasil.
  2. No cinema, o diretor Quentin Tarantino fez uma homenagem ao célebre Samurai dando seu nome a um personagem do filme Kill Bill.
  3. Já na TV, o seriado Heroes (2007) faz referência a ele, quando o personagem Hiro Nakamura busca a espada feita por Hattori Hanzo e que o samurai Takezo Kensei (1584-…) havia encontrado e usado para controlar seus poderes e unir o Japão no século XV.
  4. Nos Video-games, Hattori Hanzō participa dos jogos como Nioh, Overwatch criado pela Blizzard, Samurai Shodown e The King of Fighters Maximum Impact feitos pela SNK como um Samurai e, também, no jogo Samurai Warriors, realizado pela Koei, você pode encontrá-lo jogando no clã do Tigre na qual ele utiliza uma kusarigama (uma foice que possui uma corrente longa na outra extremidade com uma bola pesada na ponta da outra extremidade da corrente) como arma.
  5. No filme Shinobi: A Batalha Hattori Hanzo aparece brevemente como autoridade de Iga.
  6. No anime Basilisk Hattori Hanzo aparece brevemente como autoridade de Iga.
  7. No anime Hunter × Hunter, Hanzo é o nome de um jovem ninja da nuvem oculta, entre os candidatos que mais se destacam e conseguem aprovação no exame Hunter.
  8. Inspirou o personagem Hanzō do anime e mangá Naruto.
  9. Aparece no filme Kill Bill como construtor da espada da vingança da personagem "A Noiva/Beatrix Kiddo"
  10. Aparece também nos animes Gintama, Oda Nobuna no Yabou e Brave 10
  11. Faz-se referencia ao nome de um personagem no anime "The Irregular at Magic High School"
  12. Aparece também no jogo Pokémon Conquest acompanhado por um Spiritomb
  13. Aparece também no Trading Card Game Yu-gi-oh, como um monstro do arquétipo "Ninja".
  14. No Game Mortal Kombat X (Mortal Kombat XL), em uma homenagem se referindo ao Scorpion sendo Hanzo Hasashi.
  15. Ver artigo principal: Hattori Hanzo (Samurai Shodo)
  16. Aparece também no jogo Age Of Warrig Empire, como um Samurai mascarado.
  17. Aparece no jogo Nioh, lançado em 7 de fevereiro de 2017, como ninja e leal servo de Tokugawa Ieyasu


quarta-feira, 10 de junho de 2020

Quem foram os ronins

O ronin (que foi um herói nacional japonês) Miyamoto Musashi praticando a sua técnica de duas espadas com boken.

Ronin no Japão feudal foi um samurai que não seguia a um daimyo, ou seja, que não possuía um mestre - princípio básico do bushido de lealdade ao daimyo. Era considerado a profunda forma de penitência de um guerreiro samurai, pois além de não mais possuírem o direito de ter um mestre para seguir, não podiam ceifar a própria vida através do seppuku (ação restauradora da honra), estando eles "presos" a uma vida desonrosa — não possuindo, portanto, um sentido para sua existência. 

História

Samurai preparando-se para cometer um sepukku.

O samurai que perdesse seu daimyo deveria praticar o seppuku de acordo com o bushido, porém houveram casos em que isso não ocorreu, seja por vontade do daimyo, ou por diversos outros motivos como, por exemplo, a vingança dos quarenta e sete ronin.

Os ronin não seguíam o princípio básico do bushido de lealdade ao daimyo - lembrado que ser ronin nunca foi uma opção e sim uma condição imposta normalmente pelo daimyo - sendo assim, não eram considerados samurai, mas ainda assim portavam um daishō (大小), o símbolo máximo da casta samurai. 

O daishō (大小 daishō?)—literalmente "grande-pequeno"—é um termo Japonês para um par combinado de espadas japonesas (nihonto) tradicionalmente feitas para uso da classe dos samurais no Japão feudal.


Ser ronin consistia em viver peregrinando, ocupando-se de pequenos serviços em troca normalmente da refeição do dia e da pratica das artes samurai. Os ronin tornaram-se temidos por sua grande habilidade em combate e por sua independência do código samurai, o que os tornava muito mais temíveis que os já temidos samurai. 

O Ronin em geral é um solitário. Na cultura Japonesa, crê-se que todo homem segue um destino, uma linha. O Ronin por sua vez faz jus ao seu nome: Homem-Onda. Não tem sentido, nem destino (como as ondas do mar). 

A lenda dos 47 ronins

Os 47 ronins de Ako (Pintura de Ando Hiroshige – Chūshingura)


 A lenda dos 47 samuráis, é uma história japonesa, considerada como lenda nacional. Este evento aconteceu aproximadamente no período de 1701 à 1703. É a lenda mais famosa do código de honra Samurai: o Bushidō. 

A história conta que um grupo de samurais (exatamente 47) foram forçados a se tornarem rōnin  (Samurais sem um senhor), de acordo com o código de honra samurai, depois que seu daimyō (senhor feudal) foi obrigado a cometer seppuku (ritual suicida) por ter agredido um alto funcionário judicial nomeado Kira Yoshinaka, em uma sede do governo. 

Os rōnin elaboraram um plano para vingar o seu daimyō, que consistia em matar Kira Yoshinaka, e toda sua família. Os 47 rōnin esperaram cerca de três anos para não despertarem qualquer suspeita entre a justiça japonesa. 

Após o assassinato de Kira, se entregaram à justiça e foram condenados a cometer seppuku.Esta lendária história tornou-se muito popular na cultura do Japão, porque mostra lealdade, sacrifício, persistência e honra que as boas pessoas devem preservar em sua vida cotidiana. A popularidade da mística história aumentou rapidamente na modernização da era Meiji no Japão, onde muitas pessoas neste país anseiam em voltar às suas raízes culturais.

sábado, 30 de maio de 2020

Sumo um esporte de luta competitiva tradicionalmente japones

Uma luta de sumo

Sumô é um desporto de luta competitiva de contato no qual um rikishi (lutador) tenta forçar outro lutador para fora de um ringue circular (dohyō) ou tocar o solo com qualquer parte do corpo que não as solas dos pés. O esporte originou-se no Japão, o único país no qual ele é praticado profissionalmente. Ele é geralmente considerado um gendai budō (uma arte marcial japonesa moderna), embora sua definição seja imprecisa, visto que o esporte possui uma história que data de séculos. 

Muitas tradições antigas foram preservadas no sumô e mesmo hoje o esporte inclui muitos rituais, como o uso da purificação pelo sal, da época quando o sumô era usado na religião xintoísta. A vida de um lutador é altamente rígida, com regras definidas pela Associação do Sumô. A maioria dos lutadores de sumô deve viver em "campos de treinamento de sumô" comunais, conhecidos em japonês como heya, onde todos os aspectos de suas vidas diárias – de refeições à maneira de se vestir – são ditados pela tradição. 

Em anos recentes, várias controvérsias e escândalos no nível profissional apareceram no mundo do sumô, com um efeito concomitante em sua reputação e nas vendas de ingressos. Isto também afetou muito a capacidade do esporte de atrair novos praticantes.

O lutador de sumô Somagahana Fuchiemon, c. 1850
Além de seu uso como um duelo de força em combate, o sumô também foi associado a rituais xintoístas, e mesmo certos templos xintoístas organizavam formas de danças rituais nas quais um humano lutaria com um "Komeku" (um espírito divino xintoísta); ver origens xintoístas do sumô. Ele era um ritual importante na corte imperial. Os representantes de cada província eram chamados para participar do torneio na corte e lutar. Era exigido que eles pagassem suas próprias viagens. O torneio era conhecido como sumai no sechie, ou "festa sumai". 

Influências de outros países vizinhos do Japão, que compartilham muitas tradições culturais, não podem ser descartadas, visto que eles apresentam estilo de luta tradicional que têm semelhança com o sumô. Exemplos famosos incluem a luta mongol, o Shuai jiao (摔角) chinês e o Ssireum coreano. 

No resto da história registrada japonesa, a popularidade do sumô mudou de acordo com os caprichos de seus governantes e a necessidade de seu uso como uma ferramenta de treinamento em períodos de guerra civil. A forma de luta provavelmente mudou gradativamente para uma forma na qual o objetivo principal na vitória era jogar o adversário para fora. O conceito de puxar um oponente para fora de uma área definida surgiu algum tempo depois. 

Além disso, acredita-se que um ringue, definido como algo que não é simplesmente a área data para os lutadores, surgiu no século XVI como um resultado de um torneio organizado pelo principal senhor feudal da época no Japão, Oda Nobunaga. Neste momento, os lutadores vestiam tangas frouxas, ao invés dos cintos de luta mawashi mais duros de hoje. Durante o período Edo, os lutadores vestiam um avental decorativo com franjas chamado kesho-mawashi durante a luta, enquanto atualmente eles são vestidos apenas durante os rituais antes do torneio. A maior parte do resto das formas atuais do esporte foi desenvolvida no início do período Edo. 

O sumô profissional (ōzumō) tem suas raízes no período Edo no Japão como uma forma de entretenimento esportivo. Os lutadores originais eram provavelmente samurais, às vezes ronins, que precisavam encontrar uma forma de renda. Os torneios profissionais de sumô atuais começaram no Santuário Tomioka Hachiman em 1684, e depois passaram a acontecer no Ekō-in, no período Edo. 


Cena de luta de sumô, por volta de 1851

O Oeste do Japão também possuía seus próprios torneios neste período, tendo como centro mais proeminente Osaka. O sumô de Osaka continuou até o fim do período Taisho em 1926, quando ele fundiu-se com o sumô de Tóquio para formar uma única organização. Por um curto período após este momento, quatro torneios eram organizados por ano, dois torneios em locais no oeste do Japão, como Nagoia, Osaka e Fukuoka, e dois no Ryōgoku Kokugikan em Tóquio. De 1933 em diante, os torneios foram organizados quase exclusivamente no Ryōgoku Kokugikan até as forças da ocupação americana se apropriarem dele e os torneios serem transferidos para o Santuário Meiji até a década de 1950. 

Então, um local alternativo, o Kuramae Kokugikan que era próximo do Ryōgoku, foi construído para o sumô. Também neste período, a Associação de Sumô começou a expandir para locais no oeste do Japão novamente, chegando a um total de seis torneios por ano em 1958, com metade deles em Kuramae. Em 1984, o Ryōgoku Kokugikan foi reconstruído e os torneios de sumo em Tóquio foram orgnaizados lá desde então.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Confucionismo um dos pilares do bushido

Confúcio

O confucionismo ou confucianismo é um sistema filosófico chinês criado por Confúcio, (孔夫子). Entre as preocupações do confucionismo estão a moral, a política, a pedagogia e a religião. Conhecida pelos chineses como "ensinamentos dos sábios". Fundamentada nos ensinamentos de seu mestre, o confucionismo encontrou uma continuidade histórica única. 

O confucionismo é considerado uma filosofia, ética social, ideologia política, tradição literária e um modo de vida. Confúcio, forma latina de Kǒng Fūzǐ (孔夫子), filósofo chinês do século VI a.C, compila e organiza antigas tradições da sabedoria chinesa e elabora uma doutrina assumida como oficial na China por mais de 25 séculos. 

Combatido como reacionário durante a Revolução Cultural chinesa (1966-1976), o confucionismo toma novo impulso após as recentes mudanças políticas no país. Atualmente, 24% da população chinesa declara-se adepta do confucionismo. De particular importância Confúcio deu caráter moral a funcionários-apoiar o governo e seus representantes. 


Pensamento confucionista


A humanidade é o núcleo no confucionismo. Uma maneira simples de apreciar o pensamento de Confúcio é considerá-lo como sendo baseado em diferentes níveis de honestidade, e uma forma simples de entender o pensamento de Confúcio é examinar o mundo usando a lógica da humanidade. Na prática, os elementos do confucionismo acumularam-se ao longo do tempo. 

Existe o clássico Wuchang , constituído por cinco elementos: Ren (仁, a Humanidade), Yi (justiça), Li (礼, ritual), Zhi, (conhecimento) e Xin (信, integridade), e há também o Sizi clássico, com quatro elementos: Zhong (忠, lealdade), Xiao (孝 , a piedade filial), Jie (节, continência) e Yi (义, justiça).

Há ainda muitos outros elementos, tais como o Cheng (诚, honestidade), Shu (恕, bondade e perdão), Lian (廉, honestidade e pureza), Chi (耻, vergonha, juízo e senso de certo e errado), Yong (勇, bravura), Wen (温, amável e gentil), Liang (良, bom, bom coração), Gong (恭, respeitoso, reverente), Jian (俭, frugal) e Rang (让, modéstia, discrição). Entre todos os elementos, o Ren (Humanidade) e o Yi (Justiça) são fundamentais. Às vezes, a moralidade é interpretada como o fantasma da Humanidade e da Justiça.

Ver agir em relação aos outros, mas de uma atitude subjacente da humanidade. O conceito de Confúcio de humanidade (仁, ren) é provavelmente melhor expresso na versão confucionista de Ética da reciprocidade, ou a Regra de Ouro: "não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a si". 

Confúcio nunca disse se o homem nasce bom ou mau, observando que, naturalmente, os homens são semelhantes, mas, na prática, são diferentes. Confúcio percebeu que todos os homens nascem com semelhanças intrínsecas, mas também que o homem é condicionado e influenciado pelo estudo e pela prática. 

A opinião de Xunzi é que os homens originalmente só querem o que eles instintivamente querem, apesar dos resultados positivos ou negativos que aquilo pode trazer; por isso o desenvolvimento é necessário. Do ponto de vista de Mêncio todos os homens nascem para compartilhar a bondade, como a compaixão e o bom coração, embora possam se tornar malignos. 

O texto clássico dos Três Personagens começa assim: "As pessoas no momento em que nascem são naturalmente boas (bondosas)", que decorre da ideia de Mêncio. Todos os pontos de vista, eventualmente, levam ao reconhecimento da importância da educação humana e do desenvolvimento. 

O Ren também tem uma dimensão política. Se o governante não tem o Ren, o confucionismo diz que será difícil, se não impossível, para os seus súditos comportarem-se humanamente. O Ren é a base da teoria política confuciana: pressupõe um governante autocrático, exortado a não agir desumanamente com seus súditos. Um governante desumano corre o risco de perder o "Mandato dos Céus", o direito de governar. Um governante sem tal mandato não precisa ser obedecido. 

Mas um governante que reina de forma humana e cuida do povo deve ser obedecido rigorosamente, pois a benevolência de seu governo mostra que ele foi incumbido pelo céu. O próprio Confúcio tinha pouco a dizer sobre a vontade do povo, mas seu principal seguidor, Mêncio, disse em uma ocasião que a opinião das pessoas sobre certos assuntos importantes devem ser consideradas. 

Ao contrário de profetas de religiões monoteístas, Confúcio não pregava uma teologia que conduzisse a humanidade a uma redenção pessoal. Pregava uma filosofia que buscava a redenção do Estado mediante a correção do comportamento individual. Tratava-se de uma doutrina orientada para esse mundo, pregava um código de conduta social e não um caminho para a vida após a morte.

sábado, 23 de maio de 2020

A história das katanas

Katana japonesa antiga com koshirae e shirasaya, atribuída a Sukenao, 1600.


Uma katana é uma espada japonesa caracterizada por uma lâmina curva, de um único gume com uma guarda circular ou quadrada e longo aperto para acomodar duas mãos. Esse equipamento de combate foi usado pelos samurais do antigo e Feudal Japão e através disso tornou-se uma das armas mais famosas do mundo.  A katana pertence à família nihontō de espadas, e é distinguida por uma lâmina de comprimento (nagasa) de mais de 2 shaku, aproximadamente 60 cm (24 in). 

Katana também pode ser conhecida como dai ou daitō entre os entusiastas de espadas ocidentais, embora daitō seja um nome genérico para qualquer espada longa japonesa, literalmente significando "grande espada". Como o japonês não tem formas plurais e singulares separadas, tanto as katanas quanto as katana são consideradas formas aceitáveis em inglês.  Pronunciada [katana], a kun'yomi (leitura japonesa) do kanji の, originalmente significando dao ou faca/sabre em chinês, a palavra foi adotada como uma palavra de empréstimo pelos portugueses. Em português, a designação (catana soletrada) significa "faca grande" ou facão.
Nome das partes de uma Katana


A katana é geralmente definida como o tamanho padrão, moderadamente curvado (em oposição ao tachi mais antigo com mais curvatura) espada japonesa com um comprimento de lâmina maior que 60,6 cm ( 23 1⁄2 polegadas) (Japonês 2 Shaku). Caracteriza-se por sua aparência distinta: uma lâmina curva, esbelta, de um único gume com uma guarda circular ou quadrada (tsuba) e aderência longa para acomodar duas mãos. 

Com algumas exceções, katana e tachi podem ser distinguidos um do outro, se assinado, pela localização da assinatura (mei) no tang (nakago). Em geral, o mei deve ser esculpido no lado do nakago que ficaria de frente quando a espada fosse usada. Uma vez que um tachi foi usado com a ponta para baixo, e a katana foi usada com a ponta para cima, o mei estaria em locais opostos no tang. Historiadores ocidentais disseram que katana estava entre as melhores armas de corte na história militar mundial.


A produção de espadas no Japão é dividida em períodos de tempo específicos:


Jōkotō (espadas antigas, até cerca de 900 d.C.)
Kotō (espadas antigas de cerca de 900-1596)
Shintō (novas espadas 1596-1780)
Shinshintō (espadas mais novas 1781-1876)
Gendaitō (espadas modernas 1876-1945)
Shinsakutō (espadas recém-feitas 1953-presente)

O primeiro uso de katana como palavra para descrever uma espada longa que era diferente de um tachi ocorre tão cedo quanto o Período Kamakura (1185-1333). Essas referências a "uchigatana" e "tsubagatana" parecem indicar um estilo diferente de espada, possivelmente uma espada menos cara para guerreiros de baixo escalão. As invasões mongóis do Japão facilitaram uma mudança nos desenhos das espadas japonesas. Lâminas finas no estilo tachi e chokutō eram muitas vezes incapazes de cortar através da armadura de couro fervida dos mongóis, com as lâminas muitas vezes cortando ou quebrando.  A evolução do tachi no que se tornaria a katana parece ter continuado durante o início do período Muromachi (1337 a 1573). 

A partir do ano 1400, longas espadas assinadas com o mei estilo katana foram feitas. Isso foi em resposta aos samurais usando seu tachi no que agora é chamado de "estilo katana"). Espadas japonesas são tradicionalmente usadas com o mei voltado para longe do portador. Quando um tachi era usado no estilo de uma katana, com a ponta para cima, a assinatura do tachi estaria virada para o lado errado. O fato de que os ferreiros começaram a assinar espadas com uma assinatura katana mostra que alguns samurais daquele período começaram a usar suas espadas de uma maneira diferente.


Nakago (tang) de um período edo katana.

Kissaki (ponta) de uma katana de período Edo.



O aumento da popularidade de katana entre samurais ocorreu devido à mudança da natureza da guerra de combate próximo. O saque mais rápido da espada foi bem adequado para combater onde a vitória dependia fortemente de tempos curtos de resposta. A katana facilitou ainda mais isso ao ser usada através de uma faixa em forma de cinto (obi) com a borda afiada voltada para cima. Idealmente, samurais poderiam sacar a espada e atacar o inimigo em um único movimento. Anteriormente, o tachi curvo tinha sido usado com a borda da lâmina virada para baixo e suspenso de uma correia. 

O comprimento da lâmina de katana variou consideravelmente durante o curso de sua história. No final do século XIV e início do século XV, as lâminas de katana tendiam a ter comprimentos entre 70 e 73 centímetros (27 1⁄2 e 28 3⁄4 in). Durante o início do século XVI, o comprimento médio caiu cerca de 10 centímetros ( 4 em), aproximando-se de 60 centímetros (23 1⁄2 in). No final do século XVI, o comprimento médio havia aumentado novamente em cerca de 13 centímetros (5 em), retornando a aproximadamente 73 centímetros (28 3⁄4 in).

Koshirae (montagem) de um daishō período Edo, pele de raios envolto com seda.


A katana era frequentemente emparelhada com uma espada menor, como um wakizashi, ou também poderia ser usada com um tantō, um punhal menor, em forma semelhante. A combinação de uma katana com uma espada menor é chamada de daishō. Só os samurais poderiam usar o daishō: representava seu poder social e honra pessoal.


Katana moderna (gendaitō)

Tipo 95, 2º guerra mundial era guntō


Durante o período Meiji, a classe samurai foi gradualmente dissolvida, e os privilégios especiais concedidos a eles foram retirados, incluindo o direito de carregar espadas em público. O Édito haitōrei em 1876 proibiu o porte de espadas em público, exceto para certos indivíduos, como ex-senhores samurais (daimyō), os militares e a polícia. Ferreiros qualificados tiveram problemas para ganhar a vida durante este período, à medida que o Japão modernizava seus militares, e muitos ferreiros começaram a fazer outros itens, como equipamentos agrícolas, ferramentas e talheres. 

A ação militar do Japão na China e na Rússia durante o período Meiji ajudou a reavivar o interesse por espadas, mas foi só no período Shōwa que as espadas foram produzidas em grande escala novamente.  As espadas militares japonesas produzidas entre 1875 e 1945 são referidas como guntō (espadas militares).

Durante o acúmulo militar pré-Segunda Guerra Mundial, e durante a guerra, todos os oficiais japoneses foram obrigados a usar uma espada. As espadas tradicionalmente feitas foram produzidas durante este período, mas para fornecer um número tão grande de espadas, ferreiros com pouco ou nenhum conhecimento da fabricação tradicional de espadas japonesas foram recrutados. Além disso, os suprimentos do aço japonês (tamahagane) usado para fabricação de espadas foram limitados, de modo que vários outros tipos de aço também foram usados. 

Métodos mais rápidos de forjar também foram usados, como o uso de martelos de energia, e saciar a lâmina em óleo, em vez de forjar as mãos e a água. As espadas não-tradicionalmente feitas a partir deste período são chamadas de shōwatō, após o nome regnal do imperador Hirohito, e em 1937, o governo japonês começou a exigir o uso de selos especiais na tang (nakago) para distinguir essas espadas de espadas tradicionalmente feitas. Durante este período de guerra, espadas antigas antigas foram remontadas para uso em montagens militares. Atualmente, no Japão, shōwatō não são considerados espadas japonesas "verdadeiras", e podem ser confiscadas. Fora do Japão, no entanto, eles são coletados como artefatos históricos.

quinta-feira, 21 de maio de 2020

O xogunato de Tokugawa

Mapa das províncias do japão no shogunato Tokugawa


O xogunato de Tokugawa (ug 川 幕府, Tokugawa bakufu), também conhecido como Edo Bakufu (江 戸 幕府), foi o governo militar feudal do Japão durante o período Edo, de 1600 a 1868. O Tokugawa Shogunate foi estabelecido por Tokugawa Ieyasu após a vitória na Batalha de Sekigahara, terminando as guerras civis do período Sengoku após o colapso do Ashikaga Shogunate. Ieyasu se tornou o Shōgun e o clã Tokugawa governou o Japão a partir do Castelo de Edo, na cidade oriental de Edo (Tóquio), juntamente com os daimyō da classe samurai. O xogunato de Tokugawa organizou a sociedade japonesa sob o estrito sistema de classes Tokugawa e proibiu a maioria dos estrangeiros sob as políticas isolacionistas de Sakoku para promover a estabilidade política. 

Sekigahara Kassen Byōbu ("Tela de Batalha de Sekigahara"), tela japonesa que representa a Batalha de Sekigahara. Esta réplica de 1854 recria o original Hikone-jō Bon Sekigahara Kassen Byōbu ("Tela de Batalha de Sekigahara" ) por Sadanobu Kanō, de Sadanobu Kanō, da década de 1620, foi um tesouro do Senhor Ii de Hikone que se seguiu. No entanto, não é uma versão fiel do original, com algumas omissões visíveis e alterações de design em todo o layout. Coleção do Arquivo de História e Antropologia Cultural da Cidade de Sekigahara, encontrada em uma coleção particular de um morador de longa data de Ōgaki, perto de Sekigahara.

Os Tokugawa e daimyō de fato administraram o Japão através de seu sistema de han (domínios feudais) ao lado das províncias imperiais de jure. O Shogunate de Tokugawa viu rápido crescimento econômico e urbanização no Japão, o que levou à ascensão da classe mercante e da cultura Ukiyo. O xogunato de Tokugawa declinou durante o período de Bakumatsu ("Abertura do Japão") de 1853 e foi derrubado por apoiadores da Corte Imperial na Restauração de Meiji em 1868. O Império do Japão foi estabelecido sob o governo de Meiji e os partidários de Tokugawa continuaram lutando em a Guerra de Boshin até a derrota da República de Ezo na Batalha de Hakodate, em junho de 1869.

Uma visão japonesa romatizada da Batalha de Hokodate (函館戦争の図), pintada aproximadamente em 1880.


História

Após o período Sengoku ("período dos estados em guerra"), o governo central foi amplamente restabelecido por Oda Nobunaga durante o período Azuchi-Momoyama. Após a Batalha de Sekigahara, em 1600, a autoridade central caiu para Tokugawa Ieyasu. A sociedade no período Tokugawa, diferentemente dos xogunatos anteriores, era supostamente baseada na estrita hierarquia de classes originalmente estabelecida por Toyotomi Hideyoshi. Os daimyō (senhores) estavam no topo, seguidos pela casta guerreira dos samurais, com os fazendeiros, artesãos e comerciantes no ranking abaixo. Em algumas partes do país, regiões particularmente menores, o daimyō e o samurai eram mais ou menos idênticos, já que o daimyō poderia ser treinado como samurai e o samurai poderia atuar como governantes locais. Caso contrário, a natureza amplamente inflexível desse sistema de estratificação social desencadeou forças perturbadoras ao longo do tempo.

 Os impostos sobre o campesinato foram fixados em valores fixos que não consideravam a inflação ou outras mudanças no valor monetário. Como resultado, as receitas tributárias coletadas pelos proprietários de samurais valiam cada vez menos ao longo do tempo. Isso muitas vezes levou a numerosos confrontos entre samurais nobres, mas empobrecidos, e camponeses abastados, variando de simples distúrbios locais a rebeliões muito maiores. Nenhuma, no entanto, provou ser suficientemente convincente para desafiar seriamente a ordem estabelecida até a chegada de potências estrangeiras. Um estudo de 2017 descobriu que rebeliões camponesas e deserção coletiva ("fuga") reduziram as taxas de impostos e inibiram o crescimento do estado no xogunato de Tokugawa. Em meados do século XIX, uma aliança de vários dos mais poderosos daimyō, juntamente com o Imperador titular, conseguiu derrubar o shogunato após a Guerra de Boshin, culminando na Restauração Meiji. O xogunato Tokugawa chegou ao fim oficial em 1868 com a renúncia do 15º shogun Tokugawa, Tokugawa Yoshinobu, levando à "restauração" (王政 復古, Ōsei fukko) do domínio imperial. Não obstante sua eventual derrocada em favor da forma de governança mais modernizada e menos feudal da Restauração Meiji, o xogunato de Tokugawa supervisionou o mais longo período de paz e estabilidade na história do Japão, com duração de mais de 260 anos.

Emblema do clã Tokugawa


Shogunato e os domínios

O bakuhan taisei (幕 藩 体制) foi o sistema político feudal no período Edo do Japão. Baku é uma abreviação de bakufu, que significa "governo militar" - ou seja, o xogunato. O han eram os domínios encabeçados por daimyō. Os vassalos possuíam terras herdadas e prestavam serviço militar e homenagem a seus senhores. Os tais bakuhan dividiram o poder feudal entre o xogunato em Edo e os domínios provinciais em todo o Japão. As províncias tinham um grau de soberania e foi autorizada uma administração independente do han em troca de lealdade ao shōgun, que era responsável pelas relações externas e segurança nacional. O shōgun e os senhores eram todos daimyōs: senhores feudais com suas próprias burocracias, políticas e territórios. 

O shōgun também administrou o han mais poderoso, o feudo hereditário da Casa de Tokugawa. Cada nível de governo administrou seu próprio sistema de tributação. Castelo de Edo, século XVIIO imperador, nominalmente um líder religioso, não possuía poder real; isso foi investido no shōgun. O xogunato tinha o poder de descartar, anexar e transformar domínios. O sistema sankin-kōtai de residência alternativa exigia que cada daimyō residisse em anos alternados entre o han e a corte em Edo. Durante suas ausências de Edo, também era exigido que deixassem a família como reféns até seu retorno. 

A enorme despesa que sankin-kōtai impôs a cada han ajudou a centralizar alianças aristocráticas e garantiu a lealdade ao shōgun, à medida que cada representante dobrava como refém em potencial.Os descendentes de Tokugawa garantiram ainda mais a lealdade, mantendo uma insistência dogmática na lealdade ao shōgun. Fudai daimyō eram vassalos hereditários de Ieyasu, bem como de seus descendentes. Tozama ("forasteiros") se tornou vassalo de Ieyasu após a Batalha de Sekigahara. Shinpan ("parentes") eram colaterais do Tokugawa Hidetada. 

Castelo edo no século 17

No início do período Edo, o xogunato via o tozama como o menos provável de ser leal; com o tempo, casamentos estratégicos e a consolidação do sistema tornaram o tozama menos propenso a se rebelar. No final, foi o grande tozama de Satsuma, Chōshū e Tosa e, em menor grau, o Hizen, que derrubou o shogunato. Esses quatro estados são chamados de quatro clãs ocidentais, ou Satchotohi, para abreviar. O número de han (aproximadamente 250) flutuou ao longo do período Edo. 

Eles foram classificados por tamanho, medido como o número de koku de arroz que o domínio produzia a cada ano. Um koku era a quantidade de arroz necessária para alimentar um macho adulto por um ano. O número mínimo para um daimyō era dez mil koku; o maior, além do shōgun, era um milhão.

terça-feira, 19 de maio de 2020

Quem foram os daimyo

Ii Naosuke era um Daimiô


Daimiô (português brasileiro) ou dáimio (português europeu) (大名  Daimyō) é um termo genérico que se refere a um poderoso senhor de terras no Japão pré-moderno, que governava a maior parte do país a partir de suas imensas propriedades de terra hereditárias. No termo, "dai" (大) literalmente significa "grande" e "myō" vem de myōden (名田), que significa "terra particular". Foram os mais poderosos senhores de terras do período que foi do século X a meados do século XIX na história do Japão, depois dos xogum. 

Desde os shugo do período Muromachi, passando pelos sengoku, até os daimiôs do período Edo, o cargo teve uma história longa e variada. O termo "daimiô" por vezes é usado para se referir às principais figuras dos clãs japoneses, também chamados de "Senhores". Costumeiramente, era a partir destes senhores de guerra que um Xogum ou um Shikken (regente) era escolhido. 


Período Edo


O Edo Bakufu (江戸幕府? do japonês, Bakufu significa Xogunato) ou Período Edo (江戸時代 Edo-jidai?, ou Yeddo; do japonês jidai significa era) ou Período Tokugawa (徳川時代 Tokugawa-jidai?) ou Xogunato Tokugawa (governo do xogun imperador) ou Idade da Paz Ininterrupta (1603-1868), é um período da história do Japão que foi governado pelos xoguns da família Tokugawa, no período de março de 1603 a maio de 1868, estabelecido por Tokugawa Ieyasu (o primeiro xogum desta era) na então cidade de Edo (atual Tóquio) três anos após a batalha de Sekigahara.

Foi um período de forte isolamento político-econômico do país e rígido controle interno, regulando os feudos através do código de leis. Em 1868, o período terminou com a Restauração Meiji, quando o governo imperial (tenno) recuperou sua autoridade, marcando o fim das ditaduras feudais, iníciando a modernização do Japão. 

Em 268 anos o Japão passou por um período de relativa paz e de valorização das artes, como: o teatro kabuki, a pintura em madeira, arte do chá, escrita e a educação. Também desenvolveram-se a agricultura e a construção civíl no setor de estradas, que posteriormente, contribuíram para a rápida industrialização do país.


Governo dos Daimyos


Uma evolução surgiu durante os séculos do Xogunato Kamakura, que existia em equilíbrio com a corte imperial, até o Xogunato Tokugawa, quando um samurai tornou-se o governador incontestável - chamado pelo historiador Edwin Reischauer de "governo feudal centralizado”. 

Tokugawa Leyasu foi importante para a ascensão do novo bakufu (xogunato), principal beneficiário das conquistas de Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. Sempre poderoso, Leyasu lucrou com sua transferência para a rica região de Kantō (ilha de Honshu) onde manteve 2,5 milhões de koku de terras (unidade de volume japonesa) e um novo quartel general em Edo, uma cidade castelo estrategicamente situada. Este ganhou mais dois milhões de koku de terra e trinta e oito vassalos sobre seu controle. Após a morte de Hideyoshi, Ieyasu rapidamente movimentou-se para ganhar o controle do Japão da família Toyotomi.

A vitória de Leyasu sobre os daimyos ocidentais (feudos) na Batalha de Sekigahara (1600) deu-lhe praticamente controle total do Japão. Ele rapidamente aboliu várias famílias inimigas e enfraqueceu outras, como a Toyotomi, além de redistribuir os espólios de guerra (saque) entre a família e aliados. Mesmo assim, falhou em obter controle completo de todos os daimyos ocidentais, mas a auto-denominação de xogum o ajudou a consolidar um sistema de aliança. 


Tokugawa Ieyasu como xogum.


Em 1605, após fortificar sua base de poder, ganhou autoridade suficiente para nomear o filho Hidetada como o próximo xogum (1579-1632) e, se auto-intitular xogum aposentado. O clã Toyotomi ainda eram uma ameaça significativa, assim o xogum concentrou-se na década seguinte, em extermina-los. Em 1615, a fortaleza dos Toyotomi em Osaka foi destruída pelos exércitos de Tokugawa. 

O período Tokugawa (ou Edo) trouxe 200 anos de estabilidade para o Japão. O sistema político evoluiu para o bakuhan (combinação dos termos bakufu, que significa império e, han significa domínios), onde o xogum era a autoridade nacional e os daimyos eram autoridades regionais; nova unidade na estrutura feudal, composta de uma extensa burocracia para administrar a mistura de autoridades central e descentralizada. 

O clã Tokugawa tornou-se mais poderoso durante o primeiro século de domínio: a redistribuição de terras lhes concedeu quase sete milhões de koku, controle das cidades mais importantes, e um sistema de tributos com grande margem de lucro. 

A hierarquia feudal se completava com as várias classes de daimyos. Os mais próximos da casa dos Tokugawa eram conhecidos como shinpan (casas aparentadas), formando vinte e três feudos (daimyos) nas fronteiras ao redor das terras dos Tokugawa. Todos parentes diretos de Leyasu, possuíram os títulos mais honorários e postos de conselheiro no xogunato. A segunda classe da hierarquia eram os fudai (senhor da casa), recompensados com terras próximas às terras dos Tokugawa pelos serviços prestados. No século XVIII, cento e quarenta e cinco fudai controlavam hans (feudos) pequenos, o maior deles avaliado por 250 mil koku. Os membros desta classe representavam os ofícios mais importantes do império. Noventa e sete hans formavam o terceiro grupo, os tozama (vassalos de fora), ex-inimigos e novos aliados. Ficavam localizados, em sua maioria, nas periferias do arquipélago e juntos controlavam quase dez milhões de koku de terra produtiva. Mesmoos tozama serem feudos menos confiáveis, foram comandados com mais cautela e tratados generosamente, devido sua quantidade, embora tenham sido excluídos de cargos no governo central. 

A sociedade era rigidamente dividida em quatro classes de trabalho, e uma vez integrado em uma classe não era permitido mudar, sendo estes os: camponeses, artesãos, comerciantes e, samurais. Mas neste período, proliferaram os ronin (samurais desonrados sem senhor), que com o fim da guerra tiveram que se dedicar a outras tarefas, tornando-se os principais desenvolvedores das artes, principalmente da escrita, do chá, do teatro e da pintura.

Os Tokugawa, além de consolidarem seu controle sobre um Japão reunificado, também tinham um poder sem precedentes sobre o imperador, a corte, todos os daimyos, e sobre as ordens religiosas. O imperador foi tomado como a fonte insuperável de legitimação política para o xogum, que aparentemente era vassalo da família imperial. Os Tokugawa ajudaram a família imperial a recuperar suas glórias passadas reconstruindo seus palácios e lhes doando terras. Para garantir um elo próximo entre o clã imperial e a família Tokugawa, assim em 1619, a neta de Ieyasu tornou-se consorte imperial.

Foi um período marcado também pelo forte isolamento político-econômico do Japão e controle interno, através do código de leis estabelecido para regular as casas dos feudos. Este englobava as seguintes regras: fim do último acordo comercial com a Holanda em 1641; redução do comércio com a China; conduta privada nos feudos; regras de casamento e vestimentas; tipos de armas e número de tropas permitidas; residência rotativa obrigatória entre a cidade de Edo e o han de ano em ano (sistema Sankin kotai); proibia a construção de navios com capacidade de navegar em mar aberto; baniu o cristianismo (fator desestabilizador); os regulamentos do xogunato eram a lei nacional; proibição da emigração e imigração; único contato com o resto do mundo através do porto de Nagazaki nos próximos duzentos anos. 

Embora os daimyos não fossem oficialmente taxados com impostos, eram regularmente taxados com contribuições para o apoio logístico, militar e, para obras públicas, como: castelos, palácios, estradas e, pontes. Os vários regulamentos e taxações não só fortaleciam os Tokugawa, mas também esgotavam as riquezas dos daimyos, consequentemente diminuindo a ameaça para a administração central. Os hans, que no passado eram domínios altamente militarizados, tornaram-se meras unidades administrativas. Os daimyos tinham total controle administrativo sobre suas terras e seu complexo sistema de serventes, burocratas e cidadãos. Foi exigida lealdade das fundações religiosas, que já tinham tido seu poder enfraquecido por Nobunaga e Hideyoshi, através de uma variedade de mecanismos de controle.