terça-feira, 19 de maio de 2020

Quem foram os daimyo

Ii Naosuke era um Daimiô


Daimiô (português brasileiro) ou dáimio (português europeu) (大名  Daimyō) é um termo genérico que se refere a um poderoso senhor de terras no Japão pré-moderno, que governava a maior parte do país a partir de suas imensas propriedades de terra hereditárias. No termo, "dai" (大) literalmente significa "grande" e "myō" vem de myōden (名田), que significa "terra particular". Foram os mais poderosos senhores de terras do período que foi do século X a meados do século XIX na história do Japão, depois dos xogum. 

Desde os shugo do período Muromachi, passando pelos sengoku, até os daimiôs do período Edo, o cargo teve uma história longa e variada. O termo "daimiô" por vezes é usado para se referir às principais figuras dos clãs japoneses, também chamados de "Senhores". Costumeiramente, era a partir destes senhores de guerra que um Xogum ou um Shikken (regente) era escolhido. 


Período Edo


O Edo Bakufu (江戸幕府? do japonês, Bakufu significa Xogunato) ou Período Edo (江戸時代 Edo-jidai?, ou Yeddo; do japonês jidai significa era) ou Período Tokugawa (徳川時代 Tokugawa-jidai?) ou Xogunato Tokugawa (governo do xogun imperador) ou Idade da Paz Ininterrupta (1603-1868), é um período da história do Japão que foi governado pelos xoguns da família Tokugawa, no período de março de 1603 a maio de 1868, estabelecido por Tokugawa Ieyasu (o primeiro xogum desta era) na então cidade de Edo (atual Tóquio) três anos após a batalha de Sekigahara.

Foi um período de forte isolamento político-econômico do país e rígido controle interno, regulando os feudos através do código de leis. Em 1868, o período terminou com a Restauração Meiji, quando o governo imperial (tenno) recuperou sua autoridade, marcando o fim das ditaduras feudais, iníciando a modernização do Japão. 

Em 268 anos o Japão passou por um período de relativa paz e de valorização das artes, como: o teatro kabuki, a pintura em madeira, arte do chá, escrita e a educação. Também desenvolveram-se a agricultura e a construção civíl no setor de estradas, que posteriormente, contribuíram para a rápida industrialização do país.


Governo dos Daimyos


Uma evolução surgiu durante os séculos do Xogunato Kamakura, que existia em equilíbrio com a corte imperial, até o Xogunato Tokugawa, quando um samurai tornou-se o governador incontestável - chamado pelo historiador Edwin Reischauer de "governo feudal centralizado”. 

Tokugawa Leyasu foi importante para a ascensão do novo bakufu (xogunato), principal beneficiário das conquistas de Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. Sempre poderoso, Leyasu lucrou com sua transferência para a rica região de Kantō (ilha de Honshu) onde manteve 2,5 milhões de koku de terras (unidade de volume japonesa) e um novo quartel general em Edo, uma cidade castelo estrategicamente situada. Este ganhou mais dois milhões de koku de terra e trinta e oito vassalos sobre seu controle. Após a morte de Hideyoshi, Ieyasu rapidamente movimentou-se para ganhar o controle do Japão da família Toyotomi.

A vitória de Leyasu sobre os daimyos ocidentais (feudos) na Batalha de Sekigahara (1600) deu-lhe praticamente controle total do Japão. Ele rapidamente aboliu várias famílias inimigas e enfraqueceu outras, como a Toyotomi, além de redistribuir os espólios de guerra (saque) entre a família e aliados. Mesmo assim, falhou em obter controle completo de todos os daimyos ocidentais, mas a auto-denominação de xogum o ajudou a consolidar um sistema de aliança. 


Tokugawa Ieyasu como xogum.


Em 1605, após fortificar sua base de poder, ganhou autoridade suficiente para nomear o filho Hidetada como o próximo xogum (1579-1632) e, se auto-intitular xogum aposentado. O clã Toyotomi ainda eram uma ameaça significativa, assim o xogum concentrou-se na década seguinte, em extermina-los. Em 1615, a fortaleza dos Toyotomi em Osaka foi destruída pelos exércitos de Tokugawa. 

O período Tokugawa (ou Edo) trouxe 200 anos de estabilidade para o Japão. O sistema político evoluiu para o bakuhan (combinação dos termos bakufu, que significa império e, han significa domínios), onde o xogum era a autoridade nacional e os daimyos eram autoridades regionais; nova unidade na estrutura feudal, composta de uma extensa burocracia para administrar a mistura de autoridades central e descentralizada. 

O clã Tokugawa tornou-se mais poderoso durante o primeiro século de domínio: a redistribuição de terras lhes concedeu quase sete milhões de koku, controle das cidades mais importantes, e um sistema de tributos com grande margem de lucro. 

A hierarquia feudal se completava com as várias classes de daimyos. Os mais próximos da casa dos Tokugawa eram conhecidos como shinpan (casas aparentadas), formando vinte e três feudos (daimyos) nas fronteiras ao redor das terras dos Tokugawa. Todos parentes diretos de Leyasu, possuíram os títulos mais honorários e postos de conselheiro no xogunato. A segunda classe da hierarquia eram os fudai (senhor da casa), recompensados com terras próximas às terras dos Tokugawa pelos serviços prestados. No século XVIII, cento e quarenta e cinco fudai controlavam hans (feudos) pequenos, o maior deles avaliado por 250 mil koku. Os membros desta classe representavam os ofícios mais importantes do império. Noventa e sete hans formavam o terceiro grupo, os tozama (vassalos de fora), ex-inimigos e novos aliados. Ficavam localizados, em sua maioria, nas periferias do arquipélago e juntos controlavam quase dez milhões de koku de terra produtiva. Mesmoos tozama serem feudos menos confiáveis, foram comandados com mais cautela e tratados generosamente, devido sua quantidade, embora tenham sido excluídos de cargos no governo central. 

A sociedade era rigidamente dividida em quatro classes de trabalho, e uma vez integrado em uma classe não era permitido mudar, sendo estes os: camponeses, artesãos, comerciantes e, samurais. Mas neste período, proliferaram os ronin (samurais desonrados sem senhor), que com o fim da guerra tiveram que se dedicar a outras tarefas, tornando-se os principais desenvolvedores das artes, principalmente da escrita, do chá, do teatro e da pintura.

Os Tokugawa, além de consolidarem seu controle sobre um Japão reunificado, também tinham um poder sem precedentes sobre o imperador, a corte, todos os daimyos, e sobre as ordens religiosas. O imperador foi tomado como a fonte insuperável de legitimação política para o xogum, que aparentemente era vassalo da família imperial. Os Tokugawa ajudaram a família imperial a recuperar suas glórias passadas reconstruindo seus palácios e lhes doando terras. Para garantir um elo próximo entre o clã imperial e a família Tokugawa, assim em 1619, a neta de Ieyasu tornou-se consorte imperial.

Foi um período marcado também pelo forte isolamento político-econômico do Japão e controle interno, através do código de leis estabelecido para regular as casas dos feudos. Este englobava as seguintes regras: fim do último acordo comercial com a Holanda em 1641; redução do comércio com a China; conduta privada nos feudos; regras de casamento e vestimentas; tipos de armas e número de tropas permitidas; residência rotativa obrigatória entre a cidade de Edo e o han de ano em ano (sistema Sankin kotai); proibia a construção de navios com capacidade de navegar em mar aberto; baniu o cristianismo (fator desestabilizador); os regulamentos do xogunato eram a lei nacional; proibição da emigração e imigração; único contato com o resto do mundo através do porto de Nagazaki nos próximos duzentos anos. 

Embora os daimyos não fossem oficialmente taxados com impostos, eram regularmente taxados com contribuições para o apoio logístico, militar e, para obras públicas, como: castelos, palácios, estradas e, pontes. Os vários regulamentos e taxações não só fortaleciam os Tokugawa, mas também esgotavam as riquezas dos daimyos, consequentemente diminuindo a ameaça para a administração central. Os hans, que no passado eram domínios altamente militarizados, tornaram-se meras unidades administrativas. Os daimyos tinham total controle administrativo sobre suas terras e seu complexo sistema de serventes, burocratas e cidadãos. Foi exigida lealdade das fundações religiosas, que já tinham tido seu poder enfraquecido por Nobunaga e Hideyoshi, através de uma variedade de mecanismos de controle.

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