Ryu Yoshida dominando animais na montanha |
Passaram-se quase dez anos desde o dia em que Ryu Yoshida havia saido de casa e o dia em que ele retornou para seu lar. Ryu havia sido convocado para um treinamento nas monhtanhas com mais outros dois guerreiros Iori e Sayuri com a finalidade de aperfeiçoar sua coragem e sua disciplina. Havia uma série de tarefas diárias que serviam para testar a resistência destes guerreiros que iam desde percorrer longas distâncias a pé, alimentar-se apenas do que pudesse ser extraido da natureza até ter qe enfrentar animais selavagens no combate corpo a corpo.
Como de costume, os guerreiros documentavam suas viagens e segundo o que consta nos cadernos de Ryu, os primeiros meses foram duros. Eles dormiam em pessimas condições, haviam mosquitos por todos os lados, alguns dias eles nem sequer comiam, muitas vezes passavam dias molhados e seu corpo começou apresentar assaduras por toda parte, o que dificultava seu deslocamento nas trilhas.
Sayuri que detalhava mais sua experiencia, conta como no segundo e no terceiro ano os dois rapazes se fecharam em si mesmo. Eles nem sequer conversavam, comunicavam-se apenas por gestos e raros foram os momentos em que eles deram risada. E num trecho em especial ela diz: “sinto-me o tempo todo sozinha, embora esteja acompanhada e fortemente protegida. Suas bocas estão seladas, da pra ver seus maxilares imóveis e suas arcadas dentárias firmemente conectadas, pressionando-se. Não consigo saber o que eles pensam, me parece que eles se fecharam pro mundo e mergulharam no vazio. Eles nem sequer olham pra mim...”
Iori relata que em certo periodo do treinamento, mais ou menos entre o segundo e o terceiro ano, Ryu entrou num processo reflexivo muito forte e após auxilia-los nas tarefas diarias de sobrevivência, ele acomodava-se debaixo de uma arvore e passava muitas horas seguidas olhando pro nada. As vezes desciam lagrimas dos seus olhos e as vezes não. O mais interessante de tudo isso é que após esse período ele começava a escrever. Iori dizia que ele escrevia initerruptamente, paginas e paginas, parecia ter muito a dizer.
Após retornar pra casa, depois de rever sua esposa e filho, na cerimonia de reconhecimento ele pôde ler parte de sua obra e perante os demais irmãos ele disse muitas coisas, dentre elas as seguintes palavras: “Estou certo de que é necessário passar por tudo que estamos passando, sinto dores, medo, tenho dúvidas e meus pensamentos me confundem durante grande parte do dia. Passo a maior parte do tempo calado, com receio de dizer algo que atrapalhe a experiência dos meus colegas. E dedicando-me ao silêncio, aprendi o poder das palavras. Todos os dias sento-me debaixo de uma arvore e lembro-me da companhia das pessoas que eu amo. Lembro-me também dos dias em que ouvia Sayuri cantar e nesses momentos eu choro. Queria demonstrar meu carinho, conversar com meus amigos que aqui estão, mas entendo que é necessário permanecer resignado. Trata-se da mesma sensação que eu tenho quando estou de serviço e vejo uma injustiça. Meu coração se rasga por dentro, mas tenho que permanecer calado. Estou aprendendo a controlar minhas emoções, estou aprendendo a sintetizar o que tenho a dizer, estou aprendendo a perceber mais que enxergar e sobretudo aprendendo a agradecer, muito mais que reclamar.”
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